
Sinceramente nunca fui fã do Meirelles. Acho que como cineasta, ele é um grande diretor de comerciais.
Cidade de Deus, seu principal trabalho até aqui, é um bom filme, mas superestimado. Nada que Scorsese, Peckinpah ou mesmo realizadores coreanos ja não tivessem abordado sobre vários ângulos.
Enfim.
Há muito tempo li o livro do
Saramago (Ensaio sobre a Cegueira), e se já tinha me identificado na época, agora o sentimento é mais forte. Pois o negócio tá brabo mesmo. A cegueira é global e atinge todas as camadas sociais.
A maioria tateia em vão para chegar em lugar algum.
Sem trocadilhos, tô curioso para ver a obra.
E conferir até onde Meirelles enxerga a densidade quase palpável do livro.
O longa deve abrir o festival de Cannes, e também concorrerá à Palma de Ouro.
Dificilmente leva.
Problemas na montagem e edição final, cenas pesadíssimas, pitacos dos produtores e uma série de percalços que não agradam em nada o
modus operandi do festival mais charmoso do mundo.
Uma ironia do destino chama a atenção: o presidente do júri é
Sean Penn, o ator, que o diretor sonhava para o papel principal masculino. Mas este recusou, embora tenha gostado bastante do roteiro.
A produção é dividida entre Brasil,Canadá e Japão. E conta no elenco com a ótima e belíssima Juliane Moore. Além de Mark Ruffalo, Gael Garcia Bernal, Alice Braga e Danny Glover.
Festival de Cannes 2008: de 14 a 25 de maio.